segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Os poderosos da União no tempo de Povina Cavalcanti


Arquivo: Escola Estadual Rocha Cavalcanti

Duas grandes famílias poderosas existiam na União dos Palmares do tempo de Povina Cavalcanti: a família Sarmento e a família Rocha Cavalcanti.

Os Sarmento eram gente do governo. Naquele tempo, o Coronel Presciliano Sarmento, mais conhecido por Coronel Lelê, era o Vice-Governador do Estado. Já os Rocha Cavalcanti eram ricos, senhores do engenho Anhumas. No município, desde o prefeito até o juiz de paz, eram todos da situação dominante.

Os Rocha Cavalcanti formavam a oposição, uma oposição mais subjetiva do que realista, ainda que radical.

Como todo senhor de engenho, o Coronel Chico Rocha, da família Rocha Cavalcanti, impunha distância no trato social. Quando vinha à cidade, num impecável terno de linho H. J., alvejava por todos os lados. Até o chapéu-do-chile, de abas largas, era um desafio de elegância patriarcal. No tempo de eleições, a oposição abstinha-se. A família Sarmento continuava assim a mandar na terra. Os Sarmentos eram pessoas simples, apesar de ricos, não ostentavam magnificência.

Além desses proprietários rurais, uns poucos existiam ainda, menos poderosos. O coronel Zumba, por exemplo, era um homem bonachão, de corpulência hercúlea. Senhor de engenho, sua propriedade do Bolão era um pouco distante do centro. Coronel José Bezerra Montenegro era seu nome. Como o pai de Jorge de Lima, o Coronel Zumba não pertencia a nenhuma facção política. Conservava neutralidade, entre os participantes radicais e intransigentes, como era os homens do governo e os da oposição.

Não era de invejar-se o clima social da terra. Tanto que se tornou famosa a quadrinha:

Macacos foi o meu nome,
Santa Maria adotei.
Imperatriz fui chamada,
União nunca serei.

Nunca, porém, houve um atrito sério entre as duas famílias poderosas. Mal se falavam, mas luta mesmo, com o cortejo de vinditas tão comuns no Nordeste, não perturbou a coexistência dos Sarmento e dos Rocha Cavalcanti nas margens do Mundaú.

Quando caíram os Maltas no Estado, os Sarmento perderam suas posições no município. Deu-se ascensão dos oposicionistas, os Cavalcanti.

Fonte de pesquisa: Cavalcanti, Carlos Povina. Volta à Infância - Memórias, Rio de Janeiro, Editora José Olympio, INL, 1972.

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